sexta-feira, 24 de julho de 2009

COWBOYS NA CIDADE

Cowboys na cidade


Setúbal deverá receber o melhor rodeio ao estilo brasileiro
Gil Cara Seca, Zaqueu Reis e João Carlos Sampaio são três cowboys brasileiros de rodeio que têm em Setúbal o seu ponto de encontro. No entanto, ainda não se realizou nenhum rodeio na cidade mas um dos cowboys garante que está para breve e que apenas falta definir alguns detalhes e, por isso, não quis adiantar data nem local. Assegura que o rodeio em Setúbal vai estar ao nível dos americanos e “vai ser o melhor em Portugal”.

Lídia Isabel Nicolau


Os três cowboys chegaram ao «O Setubalense» vestidos a rigor: chapéu, botas, calças de ganga e o cinto com fivela grande. João Carlos Sampaio tem 40 anos, está no país desde 1999 e é dos cowboys mais velhos, a nível internacional, em actividade. Gil Cara Seca, que na verdade é Francisco Pereira, tem 31 anos e está em Portugal desde 2004. Os colegas dizem que é “o número 1” porque ficou em primeiro lugar em todas as últimas competições. Zaqueu Reis, ou seja, Isaac dos Reis, também tem 31 anos mas só chegou a Portugal em 2004.

Apesar de estarem no país há alguns anos, nenhum deles abandonou o sotaque característico do sul do Brasil. João Carlos é do estado do Paraná e começou a competir a nível profissional aos 17 anos. Zaqueu Reis é natural do mesmo estado e também começou a entrar nos rodeios com a mesma idade. Gil Cara Seca é natural do Estado de Rondônia e começou com 19 anos. Mas os três cowboys são consensuais: com pouco mais de dez anos começaram a montar.

Os três brasileiros representam Portugal internacionalmente nos rodeios. Para João Carlos Sampaio é impensável voltar a viver no Brasil porque já tem uma filha portuguesa de cinco anos, que quando o cowboy vai para os rodeios, diz que “o pai vai andar de boi”. Já Zaqueu Reis assegura que visita todos os anos o país mas admite que na última vez que esteve no Brasil passou lá um mês e que já estava com vontade de voltar a Portugal nos últimos dias.

Quanto às razões para trocar Brasil por Portugal, a resposta também é comum: a língua, estarem legalizados no país e a possibilidade de oferecerem melhores condições à família.

“Qualquer erro é fatal” assegura o cowboy mais velho. “Só me falta partir o osso do pescoço” diz o brasileiro com um sorriso e com o sotaque típico, que às vezes até chega a ser difícil perceber. Os outros dois cowboys também já sofreram acidentes, quedas, costelas fracturadas, arranhões, mas nada que ainda lhes fizesse ponderar deixar a actividade. “Nunca pensei em parar” assegura Zaqueu Reis, que quer estar mais cinco anos em rodeios profissionais, apesar de a maioria dos colegas se retirar com 33 anos. Durante a conversa dizem que há um “menino português de 17 anos que tem coragem e tem futuro”.

Mas afinal o que se sente quando se está em cima de um boi e se ouve o locutor a fazer a contagem? Ou quando o público tem os olhos postos no cowboy já na arena? À primeira pergunta, todos respondem quase ao mesmo tempo: “adrenalina”. Zaqueu Reis conta que “quando abre a porteira, não se pensa em nada, não se ouve nada, estamos muito concentrados em ficar em cima do boi”. O objectivo é que o cowboy fique em cima do boi durante oito segundos. Em média, o animal dá 14 pulos durante este tempo.

“Os melhores cowboys da Europa estão em Portugal” asseguram os cowboys. Os três dizem que a aceitação dos portugueses é cada vez maior e só falta uma boa equipa de organizadores que se dedique a esta actividade e mais patrocínios. Por cá, estes profissionais não se podem dedicar apenas ao rodeio, ao contrário do Brasil em que os contratos são considerados milionários. Se no maior rodeio do mundo em Barretos, São Paulo, o primeiro prémio corresponde a cerca de 80 mil euros; em Setembro do ano passado, no Porto, o vencedor levou para casa um automóvel ligeiro. Prémio arrebatado por Gil Cara Seca.

Os cowboys já estiveram um pouco por todo o mundo e dia 26 vão estar em Alvalade do Sado, em Santiago do Cacém; em Agosto vão estar em França e no México; e em Setembro em Itália e em Madrid, a representar Portugal. Falta saber a data para Setúbal.

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